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domingo, 31 de março de 2013

"CLIMAX"

Claudia Ohana e Domingos Oliveira em "Climax"






(Foto Guga Melgar)


CRÍTICA TEATRAL

IDA VICENZIA FLORES

(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)

(Especial)


QUANDO HOLLYWOOD É DESTAQUE

Agora rebatizo a minha crítica da peça "Climax", de Domingos Oliveira. O cinema de Hollywood é destaque, porém, quando os atores de Domingos se entregam às possibilidades de reflexão disponibilizadas pelo jogo do xadrez, ficamos com a impressão de uma citação“O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman. Esse jogo é uma constante no trabalho de Domingos, possibilitando reflexão e desafio. Bergman não é citado, mas o jogo de xadrez com a morte, proposital ou não, nos remete ao clima da peça: também em "Climax" há um quebra cabeça que se completa no final.


     A peça em cartaz no Teatro Gláucio Gill é um thriller policial. Entretanto, neste suspense há achados de verdadeira comédia que conseguem surpreender, principalmente quando o delegado Bocaiúva  (José Roberto Oliveira) se revela um histriônico, e as linguagens se confundem, em um jogo bem-humorado. O delegado conta ao escritor Felipe (Domingos Oliveira), os males que enfrenta um homem com problemas na próstata! Ao permitir que um médico seja o árbitro do bom funcionamento de seu corpo, Bocaiúva transforma queixas em puro non sense. O caso se agrava com a reação do escritor Felipe, que aconselha, entre perplexo e constrangido: “vamos mudar de assunto”... “vamos mudar de assunto...” 


    E assim, neste clima de comédia e suspense freak se desenvolve “Climax”. Muito divertido e original, apesar de brincar com estilos e acontecimentos já nossos conhecidos: a originalidade está na maneira de dizê-lo.  Todos os  movimentos nos levam à busca de um “serial killer”, embora entremeados com citações e situações ao estilo de Domingos Oliveira. Para quem não conhece esse estilo: compaixão pela humanidade, confusão nos sentimentos e senso do trágico da vida.


     Dessa vez Domingos nos brinda com músicas e cenas de filmes inesquecíveis; faz seus atores assisti-los e comentá-los em cena. E finaliza com um “life is a cabaret, old champ, only a cabaret”!Neste percurso vamos tomando conhecimento do talento de Erika Mader – e Domingos em seus diálogos que criaram estilo: “Eu não estou apaixonado por você!” – diz Felipe, o escritor, para a  sua digitadora (Mader) – “mas basta você sair para buscar um cafezinho, que eu já sinto saudades!” Curtimos a naturalidade de seus atores, e o patético que eles apresentam. Que o diga o ator Matheus Souza, em performance naturalmente “over” de um fanático apaixonado.


     Na ficha técnica temos a voz de Roberto D’Ávila em off, representando Buarque, o milionário apaixonado pela ex de Felipe (ótima interpretação de Cláudia Ohana); ambientação,  Domingos Oliveira e Luiz Praddo; Iluminação  - suspense e tragédia – de Paulo César Medeiros; figurinos (muito bons), Renata Paschoal e Priscila Rozembaum;   Assistentes de Produção (Janaina Santos)  e (direção) Tracy Segal e Sol Miranda.  Ocupação Teatro Glaucio Gill: Produção Leila Meirelles. Produção Executiva: Luiz Praddo .




quinta-feira, 28 de março de 2013

"SARAU DAS PUTAS"

Foto divulgação: "Sarau das Putas", com o diretor Ivan Sugahara (ao centro). À sua direita, a cortesã francesa Marcelle La Pompe. Teatro Poeira, Rio de Janeiro.(foto divulgação


CRÍTICA DE TEATRO
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

Falar em prostituição, hoje em dia, pode estar tão ultrapassado quanto falar em choques elétricos nos manicômios, embora os autores de “Sarau das Putas”, Ivan Sugahara, Renata Mizshai e Vitor Barbarisi não pensem assim. Há várias maneiras de abordar o assunto. Texto e direção do espetáculo pensaram em abordá-lo como denúncia e ...  um certo romantismo à La Marguerite  Gautier! Tanto assim que foram buscar uma personagem francesa, do séc. XIX, para ilustrar o tema. Puro acerto. A prostituição, em nossos dias, não tem todo esse glamour. Porém, reconhecemos que possui um certo apelo financeiro, que continua a agir sobre as mentes e corações ocidentais.
Depois que as mulheres descobriram que o prazer substitui o choque elétrico, o número de histéricas diminuiu nos manicômios. Isso é verdade. Podemos até lamentar (os que gostam de arte), que, uma vez enterrado o Romantismo das hemoptises, passou o tempo heróico, e a prostituição se generalizou.  Agora é o gozo pelo gozo, e só não o prova quem não quer.
Acontece que Mizhai, Sugahara e Barbarisi colocaram o “patrocínio”, tão em moda entre nós, para justificar a prostituição. Patrocina-se  a faculdade, a doença na família e, principalmente, patrocina-se o prazer! Talvez a palavra “prostituição” esteja ultrapassada. Ou somos todos prostitutos? O fato é que essa palavra adquiriu os mais variados sentidos. E está muito em moda: a prostituição da alma, infelizmente, é praticada pela sociedade e se chama corrupção.
Porém este tema, pelo menos entre os/as intelectuais, sempre atraiu a imaginação e foi  contemplado com  uma aura do romantismo jamais ultrapassada. E essa aura está presente neste “Sarau das Putas”, pelo menos em seu início, no primeiro ato. Os autores resolveram contratar os serviços de  uma cortesã francesa do século XIX para animar a festa! Há, no ar, a sensação do elogio ao gozo. Fica para o segundo ato a tarefa de colocar as coisas em seu devido lugar.  No início, o espetáculo corre o risco de parecer uma ode à prostituição, com aquelas belas moças e seus belos figurinos (uma pesquisa caprichada de Tarsila Takahashi), e músicas muito bem  selecionadas  para a ocasião.
Os autores parecem acordar, no segundo ato, quando a platéia já desanimava de ver a realidade em cena. Pelo que nos foi dado perceber, as felizes, engraçadas e, de certa forma, refinadas  prostituas do primeiro ato não têm nada contra o confinamento das orientais nos haréns dos sultões, pois esse é o cotidiano que elas parecem viver, com algumas exceções, e muito prazer.
O texto é feito de depoimentos, e eles deixam entrever um ideal de  periquete com  “amor  estável” esperando-as em casa.  Algo meio no estilo Bruna Surfistinha, a prostituta que contou sua vida em livro.  Saugahara deixa-nos entrever, no primeiro ato, a sexualidade livre na qual  já apostava ao encenar  “Antes que você me toque” . Talvez sua compaixão e amor pelas mulheres o leve a tal preocupação, o que é louvável. Mas o que sabemos é que, por mais rebeldes e interessantes que  as prostitutas queiram parecer, elas carregam o ônus de uma vida sem brilho. E não são donas do próprio nariz, pois dependem de seus clientes. Ora, pensando bem, todos os negócios dependem dos clientes! Não há como escapar da proposta do espetáculo: um novo olhar sobre a prostituição. Devemos, então, procurar  esse olhar na visão sem preconceito das sociólogas?
As interpretações das treze atrizes são nada menos do que brilhantes, principalmente a cortesã francesa Marcelle La Pompe, interpretada por Laila Garin. As treze artistas que formam o elenco (essencialmente feminino, com algumas intervenções masculinas, de platéia), demonstram grande profissionalismo e talento. É de louvar a exposição a que todas elas se submetem. As treze são: Laura Limp (a bela Ella), que dá aflição na platéia com a sua presença física (e não direi o porquê). Ao passar rapidamente por todas as personagens não há desvalia, pois o elenco está muito bem equilibrado entre o talento e a segurança das atrizes. Livia Paiva (Fabricia); Nara Parolini (Ana Foguete, grande carisma); Gisela de Castro (Gabriela); Juliana Terra (Salete); Carolina Ferman (Rainha Gita), Rita Fisher (uma Rebecca Rabit impressionante!); Rose Lima, total carisma (Amanda); Tatyane Mayer (Lolla); Nathália Mello (Salomé); Renata Guida (Karina) e Carol Garcia (Celeste). Algumas com presença de garotonas de Ipanema, tornando quase inverossímil a sua opção, outras passando o desespero e o prazer de quem vive no fio da navalha, “Sarau das Putas” é uma declaração de amor às mulheres; uma ode ao gozo, e uma advertência social.                 
Uma observação importante sobre a cenografia de Diego Molina: o interior é criado com  grandes reposteiros vermelhos suspensos no ar; tapetes orientais e móveis de gosto duvidoso, compondo o clima peculiar desses ambientes. A trilha sonora de Ivan Sugahara e Vitor Barbarisi é também um ponto alto do espetáculo, com as “periquettes” cantando, e algumas vezes dançando,  suas músicas temas. Destaque para o funk de Valesca Poposuda “Grelo” e “Boladona”: uma contravenção!  A preparação vocal é de Ricardo Góes. Há, no espetáculo, as iluminações intermitentes de Ana Luzia M. de Simoni alternando seu foco entre palco e  platéia...  Interessante observar que, no programa, os nomes do elenco e produção aparecem em “criação coletiva”. Essa maneira de trabalhar o coletivo transparece no espetáculo. Além disso, há, em Sugahara,. uma mistura oriente/ocidente, unida a uma desafiadora identidade ocidental, adquirida em sua formação na Amércia do Norte, que parece querer desmistificar tabus que ainda imperam cntro nós, como a abordagem da sexualidade, do ponto de vista feminino. Vale à pena dar uma conferida neste Sarau!      
                                                      

quarta-feira, 27 de março de 2013

"REALISMO"

João Velho e elenco de "Realismo", texto de Anthony Neilson  (foto cartaz divulgação)






CRÍTICA TEATRAL
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

     “Realismo”, peça de Anthony Neilson, direção de Tato Consorti, em cartaz até o dia 31 de março na Justiça Federal da Av.  Rio Branco/RJ,   é um exercício de atenção, timming e “destreza moral” contemporânea, tanto para o elenco quanto para a platéia. Em pouco mais de uma hora, o pequeno apartamento de João Velho, o protagonista, serve às intenções do autor, e todas as abordagens (ou quase todas), as abordagens do mundo moderno se fazem presente. Não se sabe o que o protagonista João Velho (o mesmo nome do ator), quer fazer naquele sábado, a não ser  ficar sozinho. Sem chance. Tempos e personagens vão reafirmando uma convivência, pouco provável, entre passado e presente. É quando mãe, namoradas, pai e amigo se encontram, alternando-se em situações aparentemente aleatórias, porém que vão construindo o texto. Aí percebemos, em cena, elementos do teatro contemporâneo, e suas aventuras de linguagem. É quando o público vai armando o quebra cabeça do que é representado. E é quando realidade e fantasia se fazem presentes, na cabeça de João Velho, o protagonista, intercalando vida e lembranças.
     A cobrança dessas lembranças se impõe e, finalmente, o amor maduro  cobra e determina o presente. Tudo acompanhado por um gato sestroso, uma máquina de lavar que fala, e a crítica voraz à propaganda  invasiva, através de uma conversa ao telefone.  Na encenação há flashes onde o misticismo convive com a traição (cenas altamente irônicas); onde amizade e amor convivem com hipocrisia e inveja. Porém, no  emaranhado dessas situações, eis que surge um realismo controvertido. Onde o realismo?  Podemos imputá-lo, e tão somente, às atitudes do cotidiano do protagonista lavando roupa, preocupando-se em comer, ir ao banheiro, ver TV, posicionar-se politicamente, fazer ginástica. Porém, esse cotidiano é tão fracionado que transforma em forma caótica (irreal?) tudo o que toca.
     O ator/protagonista (João Velho) sustenta com fôlego e convicção os impactos do mundo moderno, o mesmo acontecendo com a mãe (Daniela Galli), e as namoradas Ângela (Paula Braun), e Laura (Beatriz Bertu). Não é uma peça de fácil elaboração, percebemos o pêndulo do tempo acelerando as interpretações. Nesse sentido, o personagem do pai (Adriano Saboya) é o menos solicitado. O mesmo não se pode dizer do amigo (Átila Calache?), que se desenvolve em absurdos do inconsciente. Uma comédia contemporânea, que oscila entre teatro, e a compreensão de um possível teatro de união de linguagens - sendo a comédia a dominante - sobrepujando o drama do desencontro dos amantes. Concordamos com o diretor quando nos diz que é uma comédia que beira o politicamente incorreto. Algo que desequilibra a platéia.Ótima a cena do debate político invertendo a tela da Tv. Todo o elenco e, além dos já citados: Christian Landi.
     A trilha sonora de Átila Calache e Tato Consorti  é a responsável pelos bons momentos da ação, o mesmo podendo-se dizer da iluminação de Tomás Ribas. A direção de movimento é de Marcelle Sampaio: certamente, colocar esse relógio de precisão, que é o movimento dos atores, em boa sintonia, não deve ter sido trabalho fácil. A  cenografia hiperrealista é de Aurora de Campos. Os figurinos de Antonio Guedes reforçam o clima realista e enfocam épocas (veja-se o guarda roupa elegante da mãe anos 50). “Realismo” é uma comédia instigante, que faz pensar e divertir. Não percam!                  
  

quinta-feira, 21 de março de 2013

"HAMLET" - O PRÍNCIPE DA DINAMARCA

Thiago Lacerda interprtando "Hamlet", de William Shakespeare, direção de Ron Daniels




CRÍTICA TEATRAL
IDA VICENZIA FLORES
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro – AICT)
(Especial)

O maior mérito do Hamlet, de Shakespeare, dirigido por Ron Daniels foi trazer o trash do velho mundo para as antigas colônias portuguesas, com citações de sua história recente. O espetáculo é dividido em dois atos, e só ficamos sabendo das intenções do diretor quando cai o telão e o céu nublado é substituído por ruelas onde o lixo impera. Uma Dinamarca pós- hecatombe? E o segundo ato se inicia!
Passa-se tanto tempo assim, até que possamos nos interessar pelo espetáculo, pelos atores, e pela história que estão nos contando?
Sim, já tivemos Hamlet sapateando, dançando balé, exibindo insuspeitados talentos para a esgrima; para a loucura ou para o palco de histórias palacianas: mas nunca tínhamos visto um Hamlet tão cais do porto... ! Será isso mesmo que o diretor quer apresentar, um Hamlet das ruas escuras, do lixo, dos ratos? Quer apresentar a alma escura do poder? A reação dos puros à alma impura dos poderosos?
O primeiro ato parece um mau drama, onde tudo dá errado, onde os atores não sabem dizer as suas falas e onde não há sangue, nem veias. Será proposital? Não acreditamos que tal descompasso seja experimentado por profissionais. E não sabemos que passe de mágica os transforma, no segundo ato:  do amorfo Polônio surge um divertido primeiro coveiro (Roney Facchini). O “intrometido” e “burro” Polônio, segundo Hamlet, deve ser assim como nos apresenta Facchini?
Ou, escondido por detrás de Reinaldo, o servidor de Polônio, deve surgir o homem do povo de Fernando Azambuja, o coveiro, com toda a sua vontade de entender o mundo? E, quem é apaixonado por Selma Egrei, como deve receber a sua Rainha Gertrudes? Ela só adquire vida um pouco antes de morrer! É possível aos atores fiquem irreconhecíveis, a serviço do espetáculo? Na verdade, há momentos em que a Rainha aparece, principalmente quando contracena com o filho, ou quando foge, horrorizada, do Rei assassino. Gertrudes é uma mulher século XXI?  Não fica muito claro, mas talvez seja essa a proposta.
Quanto ao Rei Claudio, o ator é-me desconhecido. Portanto, é impossível saber se Eduardo Semerjian teve, em sua carreira, melhores momentos como ator, mas em Hamlet ele ainda  deve provar que pode ser o Rei Claudio. Ou talvez essa estética sem alma faça parte da moderna encenação de Hamlet? Ou dessa experiência do diretor?
Em todo caso, pelas perguntas, quer-me parecer que o Príncipe da Dinamarca, versão Ron Daniels, o brasileiro que fugiu do terror, pegou-me de surpresa. Os povos do além-mar há muito tempo vivem de suas cabeças coroadas, isso é ponto pacífico. Há um “know-how”, vindo da Ilha e adjacências, para  lidar com o insólito. Fantasmas, impulsos, sexo reprimido, agressividade, impunidade, são bons argumentos. Não entendo como é possível não colocar tudo isso em um só momento, e uma só intensidade, e levar o público à loucura? Há, na platéia, um povo sequioso, que nunca viu Hamlet, não conhece teatro, e muito menos Shakespeare. É  obrigação do artista dar a esse tipo de espectador um bom espetáculo!   
O ator Thiago Lacerda entrega sua alma, mas acontece que ele não a possui, apesar de sua grande ternura pelo personagem. Não sei quem a roubou, a alma de Hamlet. Talvez o diretor?  É impressionante ver aquele gigante carregar a doçura e não conseguir transmiti-la! Há algo errado. Hamlet desistiu de sua luta, antes de começá-la!
O pai de Hamlet e o primeiro ator, interpretados por Antonio Petrin, estão monocórdios. Os dois amigos trapaceiros e de nome histórico Rosencrantz e Guildenstern, estão presentes na interpretação de Chico Carvalho e Ricardo Nash, porém poderiam estar mais vivos! A  grande surpresa da noite é a simplicidade e a delicadeza do ator que interpreta Horácio (Rafael Losso), um verdadeiro sensitivo. Anna Guilhermina às vezes carrega  Ofélia em seus braços, e sua cena com o irmão Laertes (Marcos Suchara), é um dos bons  momentos da peça. Mas as cenas não tocam o público! Estranhamente, neste Hamlet, não há teatro.   
Mas há um grande momento, que coloca um pouco da intenção do diretor: é quando a realidade entra em cena, e vemos o artista se colocando, inteiro, em uma experiência de vida. Só não sabemos o porquê de Hamlet ser torturado, pois o príncipe sempre foi tratado com amor pelos que o cercam. Talvez por ser teatro contemporâneo? Mesmo no navio em direção à Inglaterra, e durante a sua relatada fuga, não há agressividade, não há tortura. Talvez seja a necessidade do diretor, saído do Brasil nos anos 70, de mandar o seu recado: não só o castelo de Elsinor possui os seus fantasmas – e é preciso exorcizá-los.
A ficha técnica fez um bom trabalho. Captou bem. O cenário é impressionista, belo, forte. André Cortez está de parabéns. Os figurinos de Cássio Brasil atingiram o que se propunha a estética do diretor, mas Cássio não é perdoado ao vestir tão mal uma bela mulher: a Rainha Gertrudes.  O desenho de luz funciona muito bem, é de Domingos Quintiliano. As coreografias de luta foram criadas por Ricardo Rizzo e a trilha sonora por Aline Meyer. A tradução (moderna, com termos atuais), da peça de Shakespeare, é feita pelo diretor e por Marcos Daud. Concepção e direção de Ron Daniels.  Os sentinelas do início da peça, e os comediantes do segundo ato - os atores  visitantes do castelo de Elsinor, estão bem representados por André Hendges, Marcelo Lapuente e Everton Romito, que também interpreta Osric, o bobo da corte. O capitão do exercito é interpretado pelo ator Rogério Romera.