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domingo, 27 de novembro de 2016

"O TEATRO DE SOMBRAS DE OFELIA"

"O Teatro de Sombras de Ofelia", de Michael Ende, direção Jonas Kablin. (Foto Bruno Veiga)

IDA VICENZIA
(da Associação Internacional de Críticos de Teatro - AICT)
(Especial)

A ESTREIA DA DELICADEZA

     Parodiando os poemas clássicos... "Foram tantas as estréias..." deste semestre! Ficamos com a Estréia da Delicadeza! Sim, sentimos ter conhecido Praga, e não ter assistido ao seu "Teatro de Sombras"... e também sentimos não conhecer melhor o trabalho do Pequod, aqui no Brasil. Mas ainda há tempo de pensar sobre... a partir deste "O Teatro de Sombras de Ofelia", um belo espetáculo, dirigido por Jonas Kablin.  

     Um pano de fundo negro: bambulinas negras... e uma cortina transparente fechando a cena e a tudo deixando ver, inclusive a construção da cena... No lado esquerdo da platéia, os músicos. E, lembrando o que virá: ... a reprodução, em pintura, das cortinas da boca de cena da Ópera de Paris! ... e as entradas e saídas indicando portas, casas, janelas... todas iluminadas! E uma voz que orienta: "Vá para o ponto, Ofelia". (Essa é a primeira impressão que se tem do espetáculo). Além, é claro, das "batidas de Molière", realizadas por "Ofélia", antes do início da ação.

     E aí começa a representação de cenas das mais variadas peças, e a mais homenageada de todos nós, o nosso "Hamlet"! E aí um detalhe para a engenhosidade dos figurinos (de Marta Reis), que reproduzem as articulações de bonecos, por cima dos atores-manequins (manipulação de Carolina Garcia) ... E pensam vocês que a magia se detém nas cenas iniciais? Michael Ende (autor, e não vou dizer que é o conhecido amigo da imaginação infantil...) e Jonas Klabin (direção e adaptação) fazem o milagre acontecer!

     Junto à cena, à direita da platéia, eis que se ilumina a 'Caixa de Ponto', e lá está a nossa Ofelia, indicando as falas para os atores. Mas, no mesmo espaço, surge o manipulador de cenário e toma conta do espetáculo, despertando a curiosidade da platéia! A partir daí, há dois espetáculos se processando e sendo "absorvidos" pelo público: o que se passa em cena, e a miniatura do que se passa em cena, a partir da 'Caixa de Ponto'. Estamos encantados? Sim, estamos!

     ... E não para aí! A atriz que me levou a me interessar por este trabalho, a sensível Rafaela Amado, que também é a assistente de direção, trouxe-nos Nina, a personagem de Tchecov, para fazer a sua declaração de amor ao teatro! A atriz desenvolve os 'dois tempos' de Ofelia - e temos uma Rafaela mais madura, iniciando, com convicção, o caminho das grandes atrizes. Sua interpretação é refinada, plena de matizes e concepção corporal perfeita. O elenco, em sua totalidade, é belo e tem presença convicta, nesta mescla de realidade e fantasia que se estende sobre o palco, com desenho de luz de Luiz Paulo Nenén e imagens de Henrique Mourthé. A Coordenação de Animação é de Barbara Castro, Cadu Sampaio e Luiz Ludwig. E os atores que compõe a cena: Zé Azul, Grasiela Müller, Pedro Gracindo, Carolina Garcia, Rafaela Amado. A pintura de Arte é de Derô Martín, mas não esquecendo nunca que Bia Junqueira é a diretora de Arte e Cenografia. Perfeito! E os músicos... com seus exercícios livres, de compassos integrados ao espetáculo, têm como parceria a direção musical de Thiago Trajano. A direção de Produção é de Bianca de Felippes.
É BOM VER BOM TEATRO!                  

      

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